Crise financeira dos planos de saúde brasileiros deve se estender por 2023 e resultar em aumento de preços
A pandemia de Covid-19 trouxe consigo uma série de desafios para diversos setores da economia. Entre eles, está o mercado de planos de saúde, que acumula prejuízos bilionários e passa por uma crise financeira que deve se estender por 2023. Especialistas apontam que os preços dos planos de saúde devem subir como consequência dessa situação, o que deve afetar diretamente o bolso dos consumidores.
Operadoras de planos de saúde acumulam prejuízos bilionários
O aumento da demanda por serviços de saúde durante a pandemia, aliado ao adiamento de procedimentos eletivos, tem sido apontado como um dos principais fatores que levaram as operadoras de planos de saúde a acumular prejuízos bilionários nos últimos anos. No último trimestre de 2022, por exemplo, a operadora Hapvida, uma das maiores do país, registrou prejuízo líquido de R$ 316,7 milhões, revertendo o lucro de R$ 200 milhões alcançado no mesmo período em 2021.
Alta dos preços dos planos de saúde
Diante da crise financeira enfrentada pelas operadoras de planos de saúde, os consumidores devem sentir o impacto nos preços dos planos. Segundo analistas, os aumentos médios devem girar em torno de 10%, o que deve afetar tanto os planos individuais quanto os coletivos.
Pressão sobre o custo das operadoras
Um dos principais fatores de pressão sobre o custo das operadoras de planos de saúde é a taxa de sinistralidade do setor, que representa a relação entre quanto as pessoas usam os planos e quanto pagam pelo serviço. De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), esse índice era de 85,8% no terceiro trimestre de 2021 e chegou a 93,2% em 2022, o que significa que a maior parte dos custos das operadoras é destinada ao pagamento de despesas assistenciais.
Mudança estrutural no uso dos planos de saúde
Para complicar a situação, uma análise feita pela Ativa Investimentos indica que o aumento do uso dos planos de saúde pode não ser conjuntural, mas sim estrutural. Isso significa que a frequência na utilização dos serviços assistenciais pode ter mudado de forma permanente como consequência da pandemia, o que deve afetar os custos das operadoras no longo prazo.
Concentração em empresas
Atualmente, a maior parte dos beneficiários de planos de saúde no Brasil está ligada a empresas (82%) ou a sistemas de adesão (6,2 milhões). Isso significa que apenas 8,9 milhões de pessoas encaixam-se nas categorias “individual” ou “familiar”. A alta concentração no setor privado faz com que a quantidade de beneficiários dos planos aumente à medida que o mercado formal de trabalho melhora no país.
Crescimento no número de usuários
Entre novembro de 2021 e o mesmo mês de 2022, os planos de saúde registraram crescimento de 1.638.397 no número de usuários, o que equivale à população de uma capital como Recife. No entanto, esse aumento na clientela não tem sido suficiente para equilibrar as contas do setor, pelo contrário, tem agravado a situação devido ao aumento no uso dos serviços assistenciais.
Atualmente, 262 empresas do setor possuem receitas que não cobrem as despesas assistenciais, ou seja, estão fechando as contas no vermelho. Essas empresas atendem mais de 20,3 milhões de beneficiários, o que representa 40% da saúde suplementar brasileira em situação financeira complicada. Antes da pandemia, 160 empresas, com 5 milhões de usuários, estavam nessa situação.
Perguntas e Respostas
Os preços dos planos de saúde devem subir como consequência da crise financeira enfrentada pelas operadoras do setor, que acumulam prejuízos bilionários em decorrência da pandemia.
De acordo com uma análise da Ativa Investimentos, o aumento na frequência do uso dos serviços assistenciais pode ser um fenômeno estrutural, o que indica uma mudança permanente nos hábitos pós-pandêmicos dos beneficiários de planos de saúde.
A taxa de sinistralidade representa a relação entre quanto as pessoas usam os planos de saúde e quanto pagam pelo serviço. Quanto mais próxima de 100%, pior é o resultado para as empresas do setor.
Não, a crise financeira enfrentada pelas operadoras de planos de saúde é um problema antigo do setor, que se agravou em decorrência da pandemia.
É necessário que as empresas do setor de planos de saúde aumentem suas receitas e reduzam suas despesas assistenciais para equilibrar suas contas.
Conclusão
A crise financeira enfrentada pelas operadoras de planos de saúde deve se estender por 2023 e resultar em aumentos significativos nos preços dos planos. O aumento da demanda pós-pandemia aliado ao aumento na frequência do uso dos serviços assistenciais indicam uma mudança estrutural no setor, o que deve afetar os custos das operadoras no longo prazo. Além disso, a alta concentração de beneficiários em empresas e sistemas de adesão e a falta de equilíbrio entre receitas e despesas de grande parte das empresas do setor são fatores que contribuem para a crise.
Referências